sábado, 26 de setembro de 2009

Seca e crise financeira castigam Capela do Alto Alegre

 


É crítica a situação do município de Capela do Alto Alegre no território do Jacuípe, onde não chove há mais de sete meses.

Os moradores da grande parte das comunidades rurais já estão enfrentando dificuldades até mesmo para encontrar água para beber.


Com pouca comida e sem água para beber, o gado está perdendo peso e os proprietários obrigados a alimentar na base da ração de mandacaru e palmas. Nos casos, da pecuária leiteira, eles estão comprando uma ração conhecida por torta, que é misturada com farelo e trigo.


Para o prefeito Claudinei Novato Xavier (PCdoB), a situação é difícil. Desde janeiro que a prefeitura vem abastecendo algumas comunidades com carros-pipa. Ele lembra, que apesar do ex-prefeito Toinho de Adonias ter assinado um documento no mês de dezembro afirmando que não necessitava dos serviços de abastecimento d´água através de carros-pipa, ao assumir a prefeitura já encontrou este problema "e vem se agravando a cada momento", afirmou.


Segundo Nei, como é conhecido o prefeito, isto gerou um distúrbio muito grave na atual gestão, pois "estamos bancando com recursos próprios, com a confirmação de que não necessitava dos serviços. Estamos há oito meses tentando equacionar este problema, decretando mais uma vez estado de emergência e estamos aguardando a homologação pelo Ministério da Integração Nacional".


O prefeito disse também que nos últimos noventa dias a situação "agonizou" de forma extrema. Hoje são três carros-pipa rodando diuturnamente com recursos do município. "A situação se complica quando verificamos que não temos mananciais de água no município para oferecer para a comunidade", falou Nei ao CN.


O custo de cada viagem d´água é variável entre R$ 80,00 a R$ 100,00, dependendo da distância e no final do mês chega a R$ 40 mil a despesa com transporte de água.


"Se é preocupando abastecer as comunidades com carros-pipa, imagine sem ter onde pegar água"? Questiona o prefeito. A Barragem de Vargem Queimada, localizada a 27 km da sede é a única com capacidade de abastecer.


Hoje as comunidades de Capelinha, Campo Alegre e Taquinho, na região que faz limite com Pé de Serra são as que mais estão sofrendo e o prefeito já esteve na CERB, EMBASA e na CORDEC buscando apoio do Estado.


Além da seca, o prefeito relatou ao CN a crise econômica que o município vem passando em função da queda de arrecadação e, segundo ele, os meses de agosto e setembro são os priores em termo de repasse.


"Estamos com uma demanda aumentada por recursos financeiros e um crise que atrapalhou a gestão", afirmou o prefeito. O débito estimado do município é de R$ 180 mil reais com fornecedores. Mantém a folha de pagamento em dias e afirmou que tem R$ 225 mil para receber do governo através da reposição garantida pelo presidente Lula.


Região de Capelinha - A equipe do CN visitou as comunidades de Capelinha e Tanquinho II, onde a longa estiagem arrasou as roças de milho, mandioca, feijão e outras culturas de subsistência plantadas pela maioria dos pequenos produtores.


A poucos metros de distância da sede do povoado, fica visível o drama da população com a principal barragem da comunidade "totalmente seca e necessitando de ser limpa", afirma um dos lideres comunitários Leandro Justiniano dos Santos, 65 anos.(de azul)
"Em 2008 a barragem ficou com pouca água e por falta de chuva, este ano secou totalmente", conta Leandro.


A barragem da comunidade Tanquinho II esta sendo utilizada pelos caminhões-pipas para "pegar" água para os animais e sua capacidade é de apenas trinta dias, "caso no chova", conta o ex-vereador Silvano Ferreira de Araújo.


Silvani da Capelinha, como é conhecido o político, explicou a diferença entre a seca de 2008 e a de 2009. "Em 2008, tinha água e não tinha comida para os bichos. E este ano, não tem água e nem comida para os animais", lamentou.


Praticamente todos os agricultores já estão dando rações "aos bichos" e neste período costuma acontecer acidentes e dois trabalhadores rurais conhecidos por Zé de Noberto e Léo de Bilo, do município de Pé de Serra, perderam mão e dedos este ano com máquinas de fazer ração.
Mesmo com a chegada da energia elétrica, os moradores de Tanquinho II externam a tristeza no rosto com o sol que "ta acabando tudo", lamenta a aposentada Maria Santana Araújo, 76 anos.


A equipe do CN encontrou com Guimário da Silva Matos, 61 anos,(boné) proprietário de um caminhão-pipa. Ele cobra na região R$ 50,00 por viagem e chega a colocar 10 viagens dia, trabalhando das 04h ás 17h. "Eu só trabalho particular. Não quero conta com prefeitura. E de junho até agora a situação apertou e eu vou aumentar o valor das viagens", avisou Mário.


No comércio local o impacto da falta de chuvas se reflete na queda do movimento de vendas e no aumento do número de inadimplentes. "Numa situação como essa, sem chuvas, o pessoal da roça está parado. Não tem produtos para vender e o dinheiro não corre no comércio", disse José Paulo Oliveira Mascarenhas, proprietário do Mercadinho São José, que aumenta as vendas só no período de pagamento dos aposentados e da bolsa família.


Segundo ele, as vendas caíram e as pessoas não estão podendo quitar suas dívidas. A esperança é chegada das pessoas que saíram para trabalhar nos canaviais no interior de São Paulo e retornam no final de novembro e meado de dezembro, trazendo o dinheiro que ganhou lá para gastar aqui.


No campo, os pés de mandioca que se salvaram, estão sendo desprezados, os agricultores disseram que o solo endureceu e não compensa gastar para retirar o produto da terra.

www.calilanoticias.com.br

Por: Valdemí de Assis

Nenhum comentário: